quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Coleta de Alimentos

  O Dia Nacional da Coleta de Alimentos, acontece no Brasil desde de 2006 e é promovido pela Companhia das Obras: fundada por aqui em 1999, tendo nascido na Itália, em 1986, a partir da experiência do Movimento Católico Comunhão e Libertação.
Realizada no dia 5 de novembro deste ano, a coleta reuniu voluntários de 37 cidades de todo o Brasil, que trabalharam desde a “abordagem” de clientes em supermercados de todo País para propor o gesto, até a organização das doações e carregamento destas.
  É marcante a felicidade dos voluntários, mesmo com o cansaço, ao longo de onze horas de campanha que, este ano, arrecadou um total de 115 toneladas de alimentos.
  Sílvia Brandão, professora da Faculdade Santa Marcelina, conversou com a equipe de Bússola sobre a experiência voluntária que fez na campanha.
  Há quanto tempo participa da Coleta?
  Desde a primeira edição da Coleta.
                                            
  O que significa para você participar deste gesto?
  A Coleta é uma oportunidade de experimentar a gratuidade e abertura para encontrar outras pessoas. Eu sou tímida e tenho dificuldade para abordar as pessoas, então, no início prefiro organizar os alimentos doados.  Mas todos os anos acontece a mesma coisa: acabo me comovendo com a vida que acontece ali, tantas pessoas se movem, contribuem, agradecem e quando menos espero, me encontro na abordagem também.  O final do dia da coleta é sempre uma abundância de vida, de alegria que faz valer a pena todo empenho e cansaço.


  O que foi mais gratificante para você neste sábado?
  Neste ano fiz a coleta com os amigos do CLU (Comunhão e Libertação Universitário) e com alguns alunos meus. Marcou-me muito a vivacidade e alegria com que esses amigos jovens abordavam as pessoas, a decisão de conversar com quem muitas vezes estava apressado para propor um valor, uma experiência.  Essa convicção me comoveu porque expressa a certeza de aquilo que faziam é um bem para si e para os outros. Fiquei também muito contente por um encontro com uma senhora quando passávamos os 23 pacotes de arroz no caixa, comprados com as contribuições dos universitários. Ela ficou impressionada com a atitude, comprou mais um pacote e nos doou. Depois perguntou se ela podia conhecer ao Banco de Alimentos e alguma das instituições que são por ele beneficiadas, pois e sentia que sua vida estava muito vazia, sem sentido. Contei a ela que faço caritativa em uma creche e ela disse que quer ir comigo, trocamos telefones. Fiquei impressionada com as possibilidades de encontro que a Coleta gera, um caminho para que tantas pessoas possam conhecer uma vida mais humana.

  Por que o gesto da coleta atrai tantos voluntários e pessoas dispostas a colaborar doando alimentos?
  Surpreendeu-me e muito me alegrou fazer o gesto da coleta com nove alunos meus. É muito bonito reconhecer que o desejo de bem que eu tenho é o mesmo de cada um de meus alunos ou de cada pessoa que entra no supermercado. Quando abrirmos espaço para essa exigência de bem e nos deixamos guiar por ela, topamos um gesto de doação de nós  mesmos experimentamos uma correspondência, uma realização grande. Por isso que  tantos vem nos agradecer pela iniciativa e meus alunos vieram me dizer "nossa, obrigada não imaginava que seria tão bom!”.


  Para mais informações sobre a Coleta e a Companhia das Obras, visite: www.cdo.org.br/coletadealimentos/

Occupy Wall Street

  "Somos os 99%" é um refrão que se repete em praças no mundo afora, chegando até mesmo aqui, onde manifestantes acrescentaram os slogans "libere a maconha", "libere o aborto" e "fora Ricardo Teixeira", segundo reportagem do Estado de São Paulo. Os 1% restantes seriam os senhores de Wall Street.
  Por que agora? Por que os países "desenvolvidos" atravessam uma enorme crise econômica. Nos EUA 46,2 milhōes são pobres e 50 milhões não têm direito nem a um sistema de saúde como o nosso SUS. Na Europa o euro está agonizando.
  Defendendo os movimentos de ocupação, o polêmico cineasta Micheal Moore declarou a BBC: "quando eu era criança os ricos faziam fábricas que nos proporcionavam trabalho e casas e nossos filhos podiam chegar à universidade. Mas 'suficiente' é a palavra mais repugnante no capitalismo".
  É um fato que este sistema econômico não dá conta do egoísmo humano, como acusou o então papa João Paulo II. E parece ser também inevitável que as próximas gerações dos países do hemisfério norte irão ter um padrão de vida bem inferior àquele de seus pais. Mas neste momento é útil ter um olhar histórico. O que sempre foi o mais necessário em tempos como este? O que é mais importante agora? Um texto clandestino da época soviética dizia que o erro das revoluções é serem rápidas e concretas em destruir e abstratas e incapazes em construir.
  Esperança! A coisa mais importante em momentos de crise é o desejo de construir, de aceitar o sacrifício inerente a qualquer construção. Isso só existe na presença de esperança. Na certeza de que a vida é grande e vale a pena.
  Esta afirmação pode soar piedosa demais para nossos ouvidos em um momento histórico positivo como o brasileiro. Mas conversando com qualquer um que atravessou os nossos anos 80 - quando algo semelhante nos aconteceu - ou que caminha hoje pela periferia das grandes cidades europeias e americanas vê-se que isso não é conversa fiada.
  O gesto mais re-evolucionário, isto é, que regenera a capacidade de evolução, sempre foi o de restituir a esperança a quem a perdeu.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A criança não é um mero detalhe


Há algumas semanas um amigo postou na sua página do Facebook uma citação de um político norte americano: O direito de ‘escolha’ de um ser humano não pode se sobrepor ao direito à ‘vida’ de outro. Por quanto tempo mais conseguiremos manter nosso compromisso com a liberdade se continuarmos a negar o próprio fundamento da liberdade - a vida - aos seres humanos mais vulneráveis?” (Paul Ryan). Essa citação provocou um grande movimento em sua página. É claro que tal publicação não poderia ser ignorada e logo os “defensores dos oprimidos” surgem para defender o aborto. Os argumentos de defesa são vários, mas quase sempre repetitivos: má formação fetal, dificuldades financeiras, estupro etc – isto é, o motivo é sempre que a gravidez torna-se algo indesejado aos pais.
Não sei qual a situação nas outras cidades do Brasil, mas aqui, em minha pequena capital, deu-se início a uma verdadeira onda de manifestações abortistas. Quase todas têm se dado na forma de vandalismo, principalmente em pichações de edifícios. Frases do tipo: “Legalização do aborto já. Que o estado garanta e que a sociedade respeite”, têm sido pintadas por toda a cidade. Parece até ser a voz da sociedade a falar, mas não é. Em recente pesquisa, daquelas encomendadas pelos partidos políticos para melhor se planejarem, mais de 70% dos entrevistados se posicionaram contrários ao aborto.
Mas se não é a maioria quem apoia o aborto, por que parece que eles o são enquanto que quem é contrário é considerado atrasado, dogmático ou reacionário? Como se posicionar?
Pe. Julián Carrón disse-nos que “às vezes a nossa contribuição mais simples e decisiva é colocar a pergunta que o outro não tem a coragem de colocar (...) colocar a pergunta certa, verdadeira, é a primeira contribuição que damos ao outro: não é resolver-lhe o problema, mas começar a colocar a pergunta”.
Devemos considerar sim todas as argumentações sobre o sofrimento dos pais. Afinal, precisamos levar em consideração todos os fatores da realidade. Mas, por isso mesmo, precisamos perguntar: “a partir de qual ponto poderemos avaliar que o dano causado à vida de alguém é ‘suficientemente razoável’ para justificar o assassinato de outra”? Essa é a pergunta que não quer ser colocada. Não é por uma posição dogmática ou reacionária, mas por levar em consideração todos os fatores da realidade. Elevemos o nível do debate e não deixemos que fique no nível dos discursos ideológicos. A criança gestada não é um mero detalhe, ela é um ser humano – podemos partir daí.

Uma Líbia democrática?

  A história moderna da Líbia vai ser marcada pela revolução que derrubou o governo ditatorial de Muamar Kadafi. Entretanto, enquanto a ONU louva o novo regime rebelde, a “democracia” parece se transformar cada vez mais em uma ideia fortemente ideológica e marcada pela cartilha politicamente correta fiel ao espírito da modernidade secularizada. Outrossim, em meio a essa epopeia da liberdade, encontra-se o homem líbio e os seus anseios, muitas vezes ofuscado em um combate de poder.


  Falar de liberdade, justiça e democracia, partindo da visão dos EUA atuais e da ONU é enxergar o mundo dentro de uma perspectiva muito restrita e ideológica. Desse modo, enquanto em nome da autodeterminação dos povos o Sudão foi praticamente esquecido pela comunidade internacional, a Líbia tornou-se alvo do interesse da democracia ocidental em relativamente pouco tempo.


  A democracia, como pensada hoje, obviamente se encontra em um patamar de moralidade muito acima dos desastrosos regimes totalitários árabes. Entretanto, é necessário ter a real percepção do que se entende por “regime democrático”. Também deve ser levado em consideração o forte teor ideológico que sustenta o edifício ocidental que, ao que tudo indica, será construído no coração de tais nações árabes. Ou seja, a importação de anti-valores modernos, como o individualismo, o consumismo, a laicização ateia etc. Também o risco de acontecer como na Turquia, transformar em política governamental a desconstrução dos fundamentos culturais que alicerçam a própria existência do povo líbio.


  A mentalidade positivista moderna, com a supremacia da técnica e a transformação do progresso no supremo juízo e no fundamento da moral, converteu a democracia no regime onde a verdade se esvaia em nome de uma justiça pensada como abertura ao erro. Entretanto, o verdadeiramente justo é o alicerce que deveria erguer toda a estrutura democrática. Não obstante, em nome desta democracia o secularismo ocidental vai minando as tradições e os costumes legítimos onde quer que se instale.


  A democracia não democrática, ou seja, que não respeita os valores intrínsecos do homem e que, em oposição, favorece a derrocada de princípios que são essenciais para a realização deste, fere os mais profundos anseios da pessoa humana, é um sistema que persegue, acima de tudo, a aquisição do poder.


  O povo líbio pode, através da construção de um novo regime, deixar apenas na história o tempo de terror de Mumar Kadafi. Porém, hoje corre o perigo de tornar-se reflexo das mazelas que assolam as nações ocidentais embriagadas com o secularismo, o consumismo, o individualismo etc. Assim, apenas valorizando a sua cultura, respeitando a condição fundamental do homem e amando aquilo que é verdadeiramente justo poderá, então, a Líbia despontar como uma nação onde a pessoa é respeitada, onde a democracia é realmente a justa abertura para a realização do homem.

3° Editorial - Reduzindo-nos, reduziremos

 O mundo vive um período de crise. Crises econômicas e crises morais. É patente a falta de valorização à vida humana demonstrada por muitos. Em meio às crises econômicas, justos protestos contra a ganância de uma minoria são utilizados como pretextos para a defesa de uma falsa liberdade. E, mesmo diante desta instabilidade econômica e moral no ocidente, o modelo vigente, esta ideologia individualista ocidental, é exportada para o mundo, como sendo o correto, justo e verdadeiro.
Aqui, nas terras tupiniquins, qualquer agitação popular – a exemplo do “Occupy Wall Street” – já é pretexto suficiente para protestar pela liberação da maconha e pela legalização do aborto, juntamente com protestos contra Ricardo Teixeira. Está é uma demonstração da profundidade com que é tratado um tema que diz respeito à vida - o aborto -, colocado no mesmo nível de assuntos com pouca ou nenhuma importância.
Isto deixa evidente uma prova de que ou valorizar a vida - no senso comum - passou a significar manter a si próprio vivo (no “sentido biológico” da palavra) ou que a vida como um todo passou a ser tratada como um objeto que, se for inconveniente, pode ser jogado fora. Em ambos os casos, transparece que tudo pode ser determinado e tratado da forma como cada um quiser. Essa atitude egoísta é difundida por todos os lados, defendida por uma ideologia que, supostamente, defende a liberdade, o bem-estar e a “saúde pública”. Há alguma melhoria para a “saúde pública” em se permitir o assassinato de um ser humano vulnerável? É uma demonstração de liberdade poder fazê-lo legalmente? É até desnecessário dizer que para qualquer SER HUMANO a resposta para ambas as perguntas é não.
Enquanto isto ocorre nos países ocidentais, a Líbia termina sua luta contra a opressão de Kadafi. Aplaudida pela ONU, o país começa a construir sua democracia. Há o risco de que, junto com a democracia, o ocidente também exporte vícios que reduzem o ser humano a um ser que se sufoca, pois está fechado para enxergar toda a realidade. E, com isto, o novo regime pode se tornar tão opressor – ou mais – que o primeiro, negando e destruindo valores intrínsecos do homem. Entretanto, respeitando valores intrínsecos humanos, a democracia líbia pode se tornar uma “justa abertura para a realização do homem”.
A ausência de profundidade com que é tratada a questão do aborto é um reflexo da falta de valorização que tem sido dada ao ser humano. Se este é visto como um objeto que pode ser manipulado da forma como quem detém algum poder sobre ele – seja a mãe de uma criança durante a gestação ou líderes políticos de um povo – julgar conveniente, então a vida humana não significa absolutamente nada. Aceitar esta falsa ideologia é aceitar a própria redução e, assim, reduzir todo o ser humano ao nada.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Noticiários não mentem. Omitem, conforme for conveniente fazê-lo.

   Sem dúvida, a Jornada Mundial da Juventude foi um acontecimento muito importante para o catolicismo neste ano. Quando se trata da Igreja e do Papa, a postura mais comum na mídia é da crítica e oposição. Muitas vezes são desconsiderados fatos e dados importantes para escrever uma matéria que, supõe-se, vende mais jornais, pois corresponde à “moda”. Esta atitude comum da mídia foi citada por Andrew Brown no jornal inglês “The Guardian”. Segue a síntese da matéria:

Se esta não é notícia


   Se eu fosse católico, ficaria bastante aborrecido com a BBC. O noticiário desta manhã transmitiu um serviço sobre a visita do Papa a Madri, concentrando-se inteiramente nas “milhares” de pessoas que protestaram contra essa visita. Não mencionou sequer uma vez (...) o extraordinário encontro católico global em que o Papa participa e que atraiu na capital espanhola cerca de um milhão e meio de jovens do mundo inteiro. Que aprovemos ou não, contudo trata-se de um acontecimento importante e, sobretudo, é digno de nota porque é inesperado e contrasta com aquilo que divulgam os meios de comunicação. Então, por que motivo não é mencionado?

   Poder-se-ia pensar que se trata de um exemplo de preconceito consciente contra os católicos e talvez o seja. Todavia, duvido. (...) Suspeito que (...) é algo muito mais cultural. Os jovens que participam em peregrinações organizadas para saudar o Papa não são aquele tipo de pessoas que a maior parte dos jornalistas querem tornar-se ou já foram. Eles são a quinta-essência do que está fora de moda.

   Os jornalistas são quase inevitavelmente sensíveis à moda nas ideias, em parte porque a sua sorte e as suas carreiras dependem muito dela. (...)

   E não se trata apenas da BBC. Na internet ouvi na “Deustche Welle” (...): “O Papa Bento XVI chegou à capital espanhola na quinta-feira para participar das celebrações da Jornada Mundial da Juventude (...) o preço da visita, pago pelos contribuintes, suscitou muitas reações num país sufocado pela crise econômica (...) cerca de cinco mil pessoas saíram pelas ruas de Madri para protestar contra a chegada do Papa por ocasião do encontro (...)”.

   Sem dúvida, as contestações são uma notícia, mas a capacidade que o Cristianismo tradicional tem de atrair uma multidão de um milhão e meio de jovens parece-me algo muito mais digno de ser divulgado (...).

   Naturalmente, os números não demonstram a verdade, mas são critérios de avaliação do compromisso e da importância política. O número de pessoas que chegaram a Madri para ver o Papa é trezentas vezes superior àquele de quantos chegaram à capital espanhola para protestar. Então, qual é o grupo mais importante do qual se deve dar a notícia?

UMA NAÇÃO A SER DESCOBERTA

   Há cerca de uma semana em um programa da TV paga, um importante embaixador explicava a uma jornalista que o problema da corrupção no Brasil nasce do fato de não sermos como a Inglaterra ou EUA. Entre nós a democracia é frágil, não existe participação popular. Em tudo esperamos do Estado e a sociedade civil não se mobiliza.
   Parece-nos que a realidade seja mais complexa. Esse juízo descreve o Brasil real? Esse distinto senhor conhece nosso povo e seu empenho cotidiano? Quanto dessa opinião é só senso comum?
   Quem vive a vida em nossos bairros, quem conhece o nosso interior, tem outra experiência. Quantas centenas de milhares de pessoas são atendidas em centros de saúde que surgiram da reivindicação popular? Quantos milhões de crianças são atendidas diariamente em creches comunitárias nascidas das igrejas e associações “amigos de bairro”? O que aconteceria se as centenas de Santas Casas de Misericórdia do Brasil fechassem? Um caos na saúde pública. E se fecharmos as creches comunitárias? A educação das crianças e a inserção das mulheres no mercado de trabalho sofreriam um golpe mortal.
   Talvez o embaixador e o senso comum confundam ou reduzam “participação popular” apenas à possibilidade das pessoas de escolher candidatos nas eleições. E “política” às atividades dos partidos.
   O Brasil possui uma história pouco divulgada de grupos e comunidades que trabalharam e trabalham para o bem comum. Isto é política. Um exemplo foi relatado pelo Lancet, uma das mais importantes revistas médicas científicas do mundo. Em sua série sobre o Brasil do último mês de maio, fala-se como a Pastoral da Criança, ação voluntária católica, foi uma das principais causas da queda da mortalidade infantil no país e está na origem do Programa de Saúde da Família, bandeira de nosso Sistema de Saúde. Isto é participação popular. Ou a Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo que, sem ajuda do governo, já possibilitou que 60 mil pessoas tivessem seu terreno e casa, escolas e transporte, e nos últimos seis anos, acesso ao ensino superior para 50 mil de seus filiados. Isto chama-se mobilização popular.
   Em cada cidadezinha brasileira encontram-se exemplos assim. Existe um povo, o nosso povo, que nos é desconhecido.

Steve Jobs

   Há pessoas que, durante a vida, desenvolvem uma capacidade única de seguir o que diz o coração. Um exemplo disto é Steve Jobs, que faleceu recentemente, mas deixou para trás além de inovações tecnológicas, uma bela história de vida. Na primeira parte, Jobs fala sobre quando abandonou a faculdade e passou a freqüentar aulas de caligrafia, que foram fundamentais para a estética do Mac, fato que ele só percebeu 10 anos mais tarde, “ligando os pontos” da sua experiência passada com o presente. A segunda parte é sobre ser demitido da sua empresa própria empresa e a importância disto para a descoberta do que se ama fazer. Segue uma síntese da terceira parte de seu discurso feito para formandos da universidade de Stanford:

   Você tem que encontrar o que você ama

   Minha terceira história é sobre morte.
(...) nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.
   (...) Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. (...) Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas (...). Significa dizer seu adeus.
   Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, (...)  Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
   Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
   Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. (...) Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. (...)
   O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
  (...) tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
  Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog, (...) na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
“Continue com fome, continue bobo.”
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.
Obrigado.


Luta pela Esperança

 
  “A não violência é a arma dos fortes”. Respaldando-se nestas palavras de Gandhi, três mulheres fizeram uma postura completamente nova diante da adversidade. “A luta não violenta pela segurança e pelos direitos das mulheres na participação do processo da construção da paz". Esta foi a justificativa para a premiação do trio com o Prêmio Nobel da Paz de 2011.
   A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf; a ativista e também liberiana, Leymah Gbowee; e a jornalista e ativista iemenita, Tawakkul Karman, tem em comum o fato de não se calarem diante da opressão do povo (principalmente da mulher), das injustiças e das guerras.
   Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher a ser livremente eleita presidente de um país africano, em 2005. Em seu governo, trabalhou para assegurar a paz em seu país, promover o desenvolvimento econômico e social e reforçar o papel das mulheres na construção da Libéria.
   Leymah Gbowee mobilizou um grupo de mulheres cristãs e muçulmanas pelo fim da guerra no país, promovendo uma “greve de sexo”, assegurando ainda, a participação feminina nas eleições.
 Tawakkul Karman teve importante participação na Primavera Árabe e na luta pelos direitos das mulheres, pela democracia e pela paz no Iêmen.
   O que move estas mulheres? Algo que está no coração de todos os seres humanos: os desejos elementares de liberdade, justiça e verdade que não foram abafados, calados ou reprimidos. Pelo contrário, tornaram-se motor para a luta pacífica em favor da democracia e da paz. Através do despertar das respostas a esses desejos no presente, é possível vislumbrar uma certeza para o futuro, que chama-se Esperança.

2° Editorial - O quanto somos realmente livres? O que nos faz ser livres? O que é a liberdade?

            É impossível negar que há um senso comum criado pelo poder, que dita atitudes, comportamentos e crenças “desejáveis” para uma determinada sociedade de determinado período de tempo.
Esta criação de “modelos ideais” é uma constante na história. Fatos absurdos como da eugenia espartana até a ideologia da “pureza racial” nazista. A discriminação da mulher, legitimada pelo poder em estados governados pelo extremismo islâmico. A segregação racial, apartheid, também legitimada pelo poder na África do Sul até os anos 90. A tentativa de extinção ou dificultar a prática da religião em países socialistas como aconteceu na União Soviética e acontece hoje na China.
Seguindo a lógica do poder, o ser humano é reduzido a números, dados, objetos que são julgados corretos ou incorretos conforme um padrão de pensamento imposto. O que há de legítimo nisto? É a isto que se reduz o ser humano – a realização da vontade de um pensamento predominante?
Felizmente, temos pessoas que testemunham para nós o que realmente é ser humano, nos mostram o que é realmente a liberdade, mesmo com um senso comum fazendo um contra testemunho, utilizando-se de argumentos sem base argumentativa verdadeira e distorcendo a realidade.
Steve Jobs, em um discurso para formandos da universidade de Stanford, nos diz: “Não há razão para não seguir seu coração” e também “o seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém”. Isto é, claramente, uma prova da grande capacidade que Jobs tinha de seguir seu coração, ser guiado por sua experiência e não por modelos de vida criados segundo parâmetros que não são nossos.
Duas liberianas e uma iemenita lutaram “pela segurança e pelos direitos das mulheres na participação do processo da construção da paz" em países imersos em conflitos e guerras civis. Não puderam ser caladas a urgência pela paz e a esperança de justiça e igualdade. A humanidade destas mulheres não foi silenciada nem diante de um risco à própria vida. Esta coragem de agir pelo que sua humanidade, seu coração lhes diz ser correto foi digno de um prêmio Nobel.
Em nosso país, considerado pelo senso comum como possuidor de pouca ou nenhuma consciência política e muito dependente do estado, observam-se iniciativas populares: creches comunitárias, Santas Casas de Misericórdia, Pastoral da Criança, Associação dos Trabalhadores Sem Terra de SP e tantas outras iniciativas ligadas a igrejas e associações de “amigos de bairro”. Observar estes acontecimentos é o suficiente para mostrar a inconsistência dos dados apresentados pelas “versões oficiais” dos fatos, apresentadas pelo senso comum.
De um lado, opiniões divulgadas em massa, criadas pelo poder para ser conveniente a ele próprio. De outro, há pessoas que testemunham o que é ser verdadeiramente livre. Não seria o ser humano movido por algo que está além da razão pura, dados e números, do senso comum e dos interesses de um poder dominante? E sendo assim, seguir este algo que nos move, não é ser livre?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A primavera árabe: o vir à tona de exigências humanas


“As forças que movem a história são as mesmas que movem o coração do homem” – Luigi Giussani

         Uma enorme quantidade de pessoas se reúne em praça pública, arriscando sua segurança, formando uma única massa de homens e mulheres, muçulmanos e cristãos, pobres e intelectuais. Quebram o silêncio que durou décadas e, finalmente, deixam o estado de submissão silenciosa aos regimes autoritários. Esta é a primavera árabe.
         Quando se questiona sobre as causas deste evento, sem dúvida são citadas as redes sociais. Certamente elas tiveram um papel importante na disseminação deste movimento. Entretanto, colocar esta tecnologia como o único “motor” da primavera árabe é extremamente redutivo. As tecnologias tiveram função estrutural, foram responsáveis por espalhar a ideia de se reunir em praça pública contra o governo, mas não é a tecnologia que cria a ideia, é o humano. Vê-se que as reivindicações são o “vir à tona” de exigências humanas, que por mais que possam ter sido aquietadas pelo poder, não puderam ser eliminadas. Estas exigências são inerentes a todo ser humano; exigências de justiça, de ter direitos e, principalmente, liberdade.
         Observando a massa, unida “fraternalmente” por um objetivo comum, surge a pergunta: como será o desfecho desta história? Não há dúvidas de que a situação terá que se estabilizar, pois uma revolta popular não dura para sempre. E o povo anseia não só por sua liberdade, mas também pela segurança, pela paz.

Palestina
Além dos acontecimentos na Tunísia, Egito, Síria e Líbia, há hoje um enfoque especial para a situação da Palestina. Na sexta-feira dia 23, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas entregou à ONU o pedido oficial para o reconhecimento do estado palestino. "Em um momento em que o povo árabe afirma sua luta pela democracia na chamada Primavera Árabe, chegou a hora também da primavera palestina, a hora para a independência", declarou Abbas.
         Desde que nascemos acompanhamos o clima bélico entre Israel e Palestina, geralmente contado a nós pelo viés anti-sionista da mídia internacional. Diante deste pedido de Abbas, Israel se vê forçada a retornar à mesa de negociações pelo quarteto (Comunidade Europeia, EUA, Rússia e ONU). Após tantos anos de conflito, acordos de cessar fogo, tantos mortos, desabrigados e dor, qualquer análise rápida da situação peca em superficialidade. A verdade é que a dor é transbordante dos dois lados.
         Segundo Abbas, o reconhecimento internacional de um estado palestino "seria a maior contribuição para a paz". Entretanto, a paz não se resume à ausência de guerra, ela é mais do que isso, ela é fruto do amor a um bem comum. Se duas famílias vizinhas se odeiam, só o amor à própria família permite a um dos pais entender o que o outro está passando. A vingança não constrói o humano. E, sem amor não se experimenta o perdão. Sem o perdão não se tem aquela disponibilidade necessária em negociações pela paz.

A Jornada Mundial da juventude descrita por um “Agnóstico”

Mário Vargas Llosa escreveu recentemente um artigo surpreendente sobre a Jornada Mundial da Juventude 2011, que aconteceu em Madri. Segue uma síntese do texto, que foi publicado no jornal O Estado de São Paulo:

“A festa e a cruzada” – Mario Vargas Llosa

(Há uma forma de se) encarar o evento como um desmentido das previsões de retração do catolicismo, uma prova de que a Igreja mantém sua vitalidade e a barca de São Pedro enfrenta sem perigo as tempestades que tentam afundá-la.
Uma dessas tormentas tem como cenário a Espanha, onde Roma e o governo Zapatero vêm tendo uma relação tensa nos últimos anos. Por isso, não é casual o fato de Bento XVI ter ido diversas vezes ao país - duas delas já no seu pontificado. A "Espanha católica" não é a mesma. As estatísticas são claras: em julho de 2010, 80% dos espanhóis se declararam católicos; um ano depois o índice caiu para 70%. Entre os jovens, 51% afirmam ser católicos, mas somente 12% se dizem praticantes. Suas críticas concentram-se sobretudo na oposição da Igreja aos anticoncepcionais, à pílula do dia seguinte, à ordenação de mulheres, ao aborto e ao homossexualismo.
         Tenho a impressão que esses dados refletem uma realidade que extrapola a Espanha e é indicativa do que se passa com o catolicismo no resto do mundo. (...) Esse declínio do número de fiéis católicos, em vez de ser um sintoma da inevitável ruína e extinção da Igreja, é um catalisador da vitalidade e energia que dezenas de milhões de pessoas têm demonstrado, sobretudo nos pontificados mais recentes.
(...) Na sua dimensão social e política, (...) embora tenha perdido fiéis e encolhido, o catolicismo hoje está mais unido, ativo e beligerante do que nos anos em que pareceu prestes a desmoronar.
         Isso é bom ou ruim para a cultura da liberdade? Embora o Estado seja laico e mantenha sua independência de todas as igrejas, às quais deve respeitar e permitir que atuem livremente, é bom. Isso porque uma sociedade democrática não pode combater eficazmente seus inimigos se suas instituições não estiverem respaldadas por valores éticos. Durante muito tempo acreditou-se que (...) a religião iria desaparecer (...) e a ciência e a cultura a substituiriam. Hoje sabemos que  isso foi outra superstição que a
realidade aniquilou.
A cultura não conseguiu substituir a religião nem o conseguirá, salvo para pequenas minorias. A maioria dos seres humanos só encontra aquelas respostas através de uma transcendência que a filosofia, a literatura, a ciência não conseguem justificar. E, por mais que intelectuais tentem nos convencer de que o ateísmo é a única conseqüência lógica e racional do conhecimento, a noção da morte ainda será algo intolerável para o ser humano, que continuará encontrando na fé a esperança de uma vida após a morte, à que nunca pode  renunciar. (...)

A Defesa da Maconha e a Falsa Liberdade

Festivais e marchas acontecem por todo o país a favor da legalização da Maconha, camuflados como atos pró “liberdade de expressão”.  Apesar de afirmar que “Nada se revela mais nocivo e mais perigoso do que a pretensão do Estado de reprimir a liberdade de expressão”, o Supremo Tribunal Federal ressalta que fazer apologia ao uso da droga é crime. Qual é o verdadeiro conceito de Liberdade, afinal?

Confundimos liberdade, normalmente, com fazer aquilo que queremos, gostamos e, assim, nos sentimos satisfeitos e governantes de nossos próprios destinos. Dali a pouco, nos sentimos insatisfeitos novamente e nos auto-administramos uma nova dose dessa “liberdade”. Isso demonstra o quanto usamos a liberdade de forma imperfeita, incompleta e escolhemos algo que não é verdadeiramente justo ao nosso coração, que não corresponde ao desejo de plenitude que temos e capaz de gerar somente uma alegria momentânea. A verdadeira liberdade, ao contrário, é satisfação total!

A liberdade exige que sejamos razoáveis para observar uma correspondência entre um fato e os desejos mais profundos do nosso coração (de amor, justiça, beleza, saúde, verdade etc). Ao negarmos tal correspondência, criamos um preconceito, algo que se quer tanto defender, que se é capaz de negar o vínculo do fato com a verdade, pois o que importa é a opinião inicial. É o que ocorre com a maconha. Seus efeitos além de nocivos (perda de memória de curto prazo e outros efeitos depressores do Sistema Nervoso Central) não são verdadeiros (sensação de criatividade e confiança), já que não refletem no desempenho real e o indivíduo precisa continuamente da droga para sentir a mesma efêmera satisfação.

Se o vínculo com a verdade não é estabelecido, a satisfação não é plena e a liberdade não é verdadeira! Sem esse vínculo, vivemos de pequenas e esporádicas alegrias, sem nos perguntarmos com sinceridade se existe algo ou alguém que possa nos dar uma satisfação que não acaba. E existe!

“Poucos são aqueles que podem ver com seus próprios olhos e sentir com seus próprios corações” (Albert Einstein).

Uma Copa a qualquer custo?

Falta pouco menos de mil dias para a Copa do Mundo. Em dois anos e nove meses teremos a festa do futebol, como acontece a cada quatro anos. E dessa vez, no Brasil, país mais vezes campeão, 64 anos depois do primeiro Mundial aqui disputado. Sim, este será um mês de bola rolando, belas jogadas, gols de placa e muita festa. Turistas do mundo inteiro visitarão nosso país para desfrutar de suas maravilhas e se deliciar com o esporte.

Mas não podemos deixar de lado o custo e a maneira como está sendo conduzida a organização dessa festa. Das 49 obras de mobilidade urbana listadas nas 12 cidades-sedes da Copa de 2014, apenas 9 estão em andamento. Portanto, muita coisa está atrasada.  O governo federal começa a fazer vistas grossas para uma série de procedimentos normativos. Aliás, parece ser essa a estratégia para fazer a coisa andar. Liberou da licitação imediata as obras que deverão ser entregues até 2013. Ou seja, avança com obras aprovadas sem muito critério e com custos altissimos.

 
As obras de todos os estádios nas 12 cidades-sedes estão em andamento, umas mais adiantadas, outras atrasadas.
Verbas públicas estratosféricas são destinadas para estádios de futebol – inclusive privados – e a expectativa é de que essas verbas aumentarão ainda mais, à medida que se aproximam os prazos finais. E depois de todo esse investimento, há arenas que correm o risco de se transformarem nos chamados "elefantes-brancos": são localidades que não contam com clubes de tradição no futebol brasileiro, sem torcida suficiente para lotar a capacidade das instalações, como Manaus e Cuiabá. Investimentos fora de propósito que escorrem pelo ralo, muito distantes das reais prioridades do povo.
 O tamanho da conta dessa Copa do Mundo só saberemos depois. Sem planejamento, sem saber quanto vai se gastar, a corrupção tem um campo aberto para se instalar mais uma vez.

Marcha contra a corrupção

A tentação da corrupção, da qual a organização da Copa do Mundo é apenas um sinal, infelizmente sempre existirá. O Brasil está, de fato, passando por uma profunda crise ética. Mas uma coisa é a miséria do homem; outra, é a indústria da corrupção, que deve e pode ser combatida.

De toda forma, é um alento verificar que um grande grupo de pessoas não tolera mais a corrupção, os superfaturamentos, o mau uso do dinheiro público e uma postura política dominante cada vez mais distante da sociedade, que não serve ao país, mas se serve dele.

Convocadas pelas redes sociais, o Feriado da Independência ficou marcado por manifestações contra a corrupção que atraíram pelo menos 30 mil pessoas em várias cidades do País, como Brasília, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Os manifestantes apareceram com faixas, cartazes, vassouras representando a faxina na política, nariz de palhaço e roupa preta.

Essas passeatas podem indicar, quem sabe, para além do ceticismo reinante, a esperança de um reencontro da política com a justiça e o bem comum.

Editorial - Nossa bússola

“O homem é verdadeiramente criado para aquilo que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente” – Bento XVI

Através deste jornal, iremos apresentar juízos da realidade, utilizando nossa experiência de fé, como nos é proposta pelo movimento Comunhão e Libertação: uma visão contrária ao relativismo, às incertezas e ao ceticismo do mundo contemporâneo.
Somos cristãos, católicos, entretanto não seremos de forma alguma catequéticos ou moralistas. Buscamos despertar a reflexão sobre a própria experiência, segundo critérios inerentes a todo ser humano que, por vezes, não enxergamos, pois somos ensinados pelo senso comum a banalizar nossa experiência, reduzir tudo ao quase nada.
“Infelizmente,” diz Hannah Arendt “parece ser mais fácil convencer os homens a se comportarem da maneira mais impensável e ultrajante, do que convencê-los a aprender com a experiência, a pensar e a julgar de verdade, em vez de aplicar categorias e fórmulas pré-constituídas na nossa cabeça”. Por isso, o nome deste jornal é o mesmo do instrumento que aponta o norte, que não deixa o homem se perder e muito menos caminhar para a direção errada ou contrária: a bússola. Não temos a pretensão de ser esta bússola, pois todo homem nasce com uma dentro de si, é o que a bíblia chama de coração, o lugar onde se encontra a razão e a afeição humana, que dá os critérios para julgar a realidade.
Na nossa época o coração é reduzido a um sentimento, um estado de ânimo que pode ser facilmente “calado”, mas na experiência, todos nós reconhecemos que, como diz Julián Carrón “o coração não se deixa reduzir, não se conforma com qualquer coisa”. Aprendendo a ouvir as exigências do coração, o homem compreenderá, através da experiência, o que realmente o corresponde.

Equipe Bússola