quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma Copa a qualquer custo?

Falta pouco menos de mil dias para a Copa do Mundo. Em dois anos e nove meses teremos a festa do futebol, como acontece a cada quatro anos. E dessa vez, no Brasil, país mais vezes campeão, 64 anos depois do primeiro Mundial aqui disputado. Sim, este será um mês de bola rolando, belas jogadas, gols de placa e muita festa. Turistas do mundo inteiro visitarão nosso país para desfrutar de suas maravilhas e se deliciar com o esporte.

Mas não podemos deixar de lado o custo e a maneira como está sendo conduzida a organização dessa festa. Das 49 obras de mobilidade urbana listadas nas 12 cidades-sedes da Copa de 2014, apenas 9 estão em andamento. Portanto, muita coisa está atrasada.  O governo federal começa a fazer vistas grossas para uma série de procedimentos normativos. Aliás, parece ser essa a estratégia para fazer a coisa andar. Liberou da licitação imediata as obras que deverão ser entregues até 2013. Ou seja, avança com obras aprovadas sem muito critério e com custos altissimos.

 
As obras de todos os estádios nas 12 cidades-sedes estão em andamento, umas mais adiantadas, outras atrasadas.
Verbas públicas estratosféricas são destinadas para estádios de futebol – inclusive privados – e a expectativa é de que essas verbas aumentarão ainda mais, à medida que se aproximam os prazos finais. E depois de todo esse investimento, há arenas que correm o risco de se transformarem nos chamados "elefantes-brancos": são localidades que não contam com clubes de tradição no futebol brasileiro, sem torcida suficiente para lotar a capacidade das instalações, como Manaus e Cuiabá. Investimentos fora de propósito que escorrem pelo ralo, muito distantes das reais prioridades do povo.
 O tamanho da conta dessa Copa do Mundo só saberemos depois. Sem planejamento, sem saber quanto vai se gastar, a corrupção tem um campo aberto para se instalar mais uma vez.

Marcha contra a corrupção

A tentação da corrupção, da qual a organização da Copa do Mundo é apenas um sinal, infelizmente sempre existirá. O Brasil está, de fato, passando por uma profunda crise ética. Mas uma coisa é a miséria do homem; outra, é a indústria da corrupção, que deve e pode ser combatida.

De toda forma, é um alento verificar que um grande grupo de pessoas não tolera mais a corrupção, os superfaturamentos, o mau uso do dinheiro público e uma postura política dominante cada vez mais distante da sociedade, que não serve ao país, mas se serve dele.

Convocadas pelas redes sociais, o Feriado da Independência ficou marcado por manifestações contra a corrupção que atraíram pelo menos 30 mil pessoas em várias cidades do País, como Brasília, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Os manifestantes apareceram com faixas, cartazes, vassouras representando a faxina na política, nariz de palhaço e roupa preta.

Essas passeatas podem indicar, quem sabe, para além do ceticismo reinante, a esperança de um reencontro da política com a justiça e o bem comum.

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