"Somos os 99%" é um refrão que se repete em praças no mundo afora, chegando até mesmo aqui, onde manifestantes acrescentaram os slogans "libere a maconha", "libere o aborto" e "fora Ricardo Teixeira", segundo reportagem do Estado de São Paulo. Os 1% restantes seriam os senhores de Wall Street.
Por que agora? Por que os países "desenvolvidos" atravessam uma enorme crise econômica. Nos EUA 46,2 milhōes são pobres e 50 milhões não têm direito nem a um sistema de saúde como o nosso SUS. Na Europa o euro está agonizando.
Defendendo os movimentos de ocupação, o polêmico cineasta Micheal Moore declarou a BBC: "quando eu era criança os ricos faziam fábricas que nos proporcionavam trabalho e casas e nossos filhos podiam chegar à universidade. Mas 'suficiente' é a palavra mais repugnante no capitalismo".
É um fato que este sistema econômico não dá conta do egoísmo humano, como acusou o então papa João Paulo II. E parece ser também inevitável que as próximas gerações dos países do hemisfério norte irão ter um padrão de vida bem inferior àquele de seus pais. Mas neste momento é útil ter um olhar histórico. O que sempre foi o mais necessário em tempos como este? O que é mais importante agora? Um texto clandestino da época soviética dizia que o erro das revoluções é serem rápidas e concretas em destruir e abstratas e incapazes em construir.
Esperança! A coisa mais importante em momentos de crise é o desejo de construir, de aceitar o sacrifício inerente a qualquer construção. Isso só existe na presença de esperança. Na certeza de que a vida é grande e vale a pena.
Esta afirmação pode soar piedosa demais para nossos ouvidos em um momento histórico positivo como o brasileiro. Mas conversando com qualquer um que atravessou os nossos anos 80 - quando algo semelhante nos aconteceu - ou que caminha hoje pela periferia das grandes cidades europeias e americanas vê-se que isso não é conversa fiada.
O gesto mais re-evolucionário, isto é, que regenera a capacidade de evolução, sempre foi o de restituir a esperança a quem a perdeu.
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