segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A criança não é um mero detalhe


Há algumas semanas um amigo postou na sua página do Facebook uma citação de um político norte americano: O direito de ‘escolha’ de um ser humano não pode se sobrepor ao direito à ‘vida’ de outro. Por quanto tempo mais conseguiremos manter nosso compromisso com a liberdade se continuarmos a negar o próprio fundamento da liberdade - a vida - aos seres humanos mais vulneráveis?” (Paul Ryan). Essa citação provocou um grande movimento em sua página. É claro que tal publicação não poderia ser ignorada e logo os “defensores dos oprimidos” surgem para defender o aborto. Os argumentos de defesa são vários, mas quase sempre repetitivos: má formação fetal, dificuldades financeiras, estupro etc – isto é, o motivo é sempre que a gravidez torna-se algo indesejado aos pais.
Não sei qual a situação nas outras cidades do Brasil, mas aqui, em minha pequena capital, deu-se início a uma verdadeira onda de manifestações abortistas. Quase todas têm se dado na forma de vandalismo, principalmente em pichações de edifícios. Frases do tipo: “Legalização do aborto já. Que o estado garanta e que a sociedade respeite”, têm sido pintadas por toda a cidade. Parece até ser a voz da sociedade a falar, mas não é. Em recente pesquisa, daquelas encomendadas pelos partidos políticos para melhor se planejarem, mais de 70% dos entrevistados se posicionaram contrários ao aborto.
Mas se não é a maioria quem apoia o aborto, por que parece que eles o são enquanto que quem é contrário é considerado atrasado, dogmático ou reacionário? Como se posicionar?
Pe. Julián Carrón disse-nos que “às vezes a nossa contribuição mais simples e decisiva é colocar a pergunta que o outro não tem a coragem de colocar (...) colocar a pergunta certa, verdadeira, é a primeira contribuição que damos ao outro: não é resolver-lhe o problema, mas começar a colocar a pergunta”.
Devemos considerar sim todas as argumentações sobre o sofrimento dos pais. Afinal, precisamos levar em consideração todos os fatores da realidade. Mas, por isso mesmo, precisamos perguntar: “a partir de qual ponto poderemos avaliar que o dano causado à vida de alguém é ‘suficientemente razoável’ para justificar o assassinato de outra”? Essa é a pergunta que não quer ser colocada. Não é por uma posição dogmática ou reacionária, mas por levar em consideração todos os fatores da realidade. Elevemos o nível do debate e não deixemos que fique no nível dos discursos ideológicos. A criança gestada não é um mero detalhe, ela é um ser humano – podemos partir daí.

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