“As forças que movem a história são as mesmas que movem o coração do homem” – Luigi Giussani
Uma enorme quantidade de pessoas se reúne em praça pública, arriscando sua segurança, formando uma única massa de homens e mulheres, muçulmanos e cristãos, pobres e intelectuais. Quebram o silêncio que durou décadas e, finalmente, deixam o estado de submissão silenciosa aos regimes autoritários. Esta é a primavera árabe.
Quando se questiona sobre as causas deste evento, sem dúvida são citadas as redes sociais. Certamente elas tiveram um papel importante na disseminação deste movimento. Entretanto, colocar esta tecnologia como o único “motor” da primavera árabe é extremamente redutivo. As tecnologias tiveram função estrutural, foram responsáveis por espalhar a ideia de se reunir em praça pública contra o governo, mas não é a tecnologia que cria a ideia, é o humano. Vê-se que as reivindicações são o “vir à tona” de exigências humanas, que por mais que possam ter sido aquietadas pelo poder, não puderam ser eliminadas. Estas exigências são inerentes a todo ser humano; exigências de justiça, de ter direitos e, principalmente, liberdade.
Observando a massa, unida “fraternalmente” por um objetivo comum, surge a pergunta: como será o desfecho desta história? Não há dúvidas de que a situação terá que se estabilizar, pois uma revolta popular não dura para sempre. E o povo anseia não só por sua liberdade, mas também pela segurança, pela paz.
Palestina
Além dos acontecimentos na Tunísia, Egito, Síria e Líbia, há hoje um enfoque especial para a situação da Palestina. Na sexta-feira dia 23, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas entregou à ONU o pedido oficial para o reconhecimento do estado palestino. "Em um momento em que o povo árabe afirma sua luta pela democracia na chamada Primavera Árabe, chegou a hora também da primavera palestina, a hora para a independência", declarou Abbas.
Desde que nascemos acompanhamos o clima bélico entre Israel e Palestina, geralmente contado a nós pelo viés anti-sionista da mídia internacional. Diante deste pedido de Abbas, Israel se vê forçada a retornar à mesa de negociações pelo quarteto (Comunidade Europeia, EUA, Rússia e ONU). Após tantos anos de conflito, acordos de cessar fogo, tantos mortos, desabrigados e dor, qualquer análise rápida da situação peca em superficialidade. A verdade é que a dor é transbordante dos dois lados.
Segundo Abbas, o reconhecimento internacional de um estado palestino "seria a maior contribuição para a paz". Entretanto, a paz não se resume à ausência de guerra, ela é mais do que isso, ela é fruto do amor a um bem comum. Se duas famílias vizinhas se odeiam, só o amor à própria família permite a um dos pais entender o que o outro está passando. A vingança não constrói o humano. E, sem amor não se experimenta o perdão. Sem o perdão não se tem aquela disponibilidade necessária em negociações pela paz.
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